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Entrevista com Flávio Boaventura.

UMA BOA AVENTURA... 
Em entrevista a Tribuna do Norte Flávio Boaventura revela como foi superar as desconfianças da própria torcida para se tornar em herói da conquista centenária no clube. Um rejeitado que virou herói. O que parece tema do enredo de um filme ou uma novela, foi vivido pelo zagueiro Flávio Boaventura, que conseguiu transformar rejeição em motivação. 
Você chegou a sonhar com uma final de campeonato tão perfeita? 
Na verdade a gente sonha apenas coisas boas, mas marcar o gol que garantiu o titulo do centenário não chegou a passar pela minha cabeça. O que eu imaginava era chegar no América e inverter toda aquela situação que vinha gerando protestos da torcida, Fui mostrando nos jogos, quando procurava dar o máximo de empenho, que estava com vontade de acertar e no final, o gol do centenário talvez tenha vido como prêmio por todo esse esforço. 
Além de sair como herói, você foi eleito por unanimidade o melhor zagueiro do campeonato. Isso estava no seu projeto? 
Na verdade estar entre os melhores do campeonato foi um meta que eu tracei quando cheguei. Joguei aqui 2012 e 2013 pelo ABC, não consegui esse objetivo pois eu era muito imaturo ainda e acabei sendo muito expulso. Realmente eu sonhava em fazer parte da seleção do campeonato, mas não da forma que fui eleito. Pela minha situação isso era complicado, uma vez que parte da torcida vinha me repudiando. 
O que você fez para causar tanta ira da torcida e por parte da alguns atletas? 
Isso tudo ocorreu por imaturidade e por desconhecimento da grandeza do América. Quando jogava no ABC só conhecia o lado de lá, para mim eles eram a melhor equipe, o maior clube. O melhor tudo. Confesso que me deixei envolver pela empolgação dos torcedores, ouvia muitos deles falando mal do América também e isso ficou na minha cabeça. Então quando houve o rebaixamento, eu tinha um amigo que era americano fanático e fiz aquela brincadeira com ele, tirando uma foto segurando um cartaz escrito ABC e com a letra C em vermelho. Isso viralizou nas redes sociais e gerou uma onda muito grande revolta numa parte da torcida americana. Posso dizer até na maior parte. Foi uma brincadeira muito infeliz da minha parte, confesso. 
Mas você estava aonde quando decidiu fazer essa brincadeira? 
Eu ainda estava em Portugal, onde conseguia acompanhar a disputa da série B. Fiz essa brincadeira no WhatsApp no particular desse meu amigo e não sei como vazou. Isso espalhou rápido pelas redes sociais e o resultado foi esse. O meu amigo é muito fanático pelo América e como enviei isso logo que acabou o jogo que decretou o rebaixamento, acho que ele pode ter feito isso por revolta. Mas hoje já está tudo bem de novo, ele inclusive mandou uma mensagem de felicitações pelo titulo do centenário. 
Aqueles jogos iniciais, quando a torcida vaiava você a qualquer toque na bola, como foi? 
Aquilo me motivava. Eu conversava com minha esposa e sabia que se fizesse algo errado ou o time perdesse numa falha minha, o mundo iria desabar sobre minha cabeça. Mas estava preparado para isso e acabei ganhando mais força, tendo mais convicção das coisas importantes para fazer a coisa certa e tentar reverter a situação que era extremamente contrária. Quando eu pegava na bola que a torcida vaiava, no começo, eu procurava não segurar muito a bola. Pegava e tocava rápido até para evitar o desgaste. Mas quando fui ganhando a confiança dos torcedores e percebi que as vaias foram diminuindo, as coisas fluíram, até gol consegui marcar, a desconfiança diminuiu e ficou mais fácil jogar. Mas certamente eu consegui transformar a rejeição em motivação. 
Essa conquista em cima do ABC teve um gosto especial para o Boaventura? 
Teve um sabor muito especial para mim. Até por que eu joguei no clube por dois anos, fui vice-campeão em 2012, e eles pensaram que o time deles era realmente o favorito, uma espécie de Barcelona do Nordeste e que jamais seria batido. Tinham ganho um jogo da gente, empatado o outro, havia o noticiário de que o ABC já tinha inclusive preparado a festa da conquista e isso tudo pesou na hora da decisão. O clássico é jogado, quando fomos para dentro de campo, nós jogadores americanos sabíamos que só quem poderia inverter aquela situação era o grupo mesmo, com trabalho, empenho e esforço. Quando fiz o gol, algum tempo mais tarde eu fui refletir: Deus é fiel e fez, mais uma vez, a soberba parecer diante do trabalho e do sacrifício, pois nós trabalhamos muito para conquistar esse título. Nunca se pode montar uma festa antes do jogo. 
Fonte: Tribuna do Norte

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